Imunoterapia administrada no tratamento da apresentadora Ana Maria Braga utiliza tecnologia que ensina linfócitos T a matar células cancerígenas

Ana Maria Braga anunciou um novo tratamento contra câncer de pulmão Ana Maria Braga anunciou um novo tratamento contra câncer de pulmão

A apresentadora global Ana Maria Braga anunciou na segunda-feira (27), durante o programa Mais Você, que está em tratamento de um novo tumor no pulmão, dessa vez, uma adenocarcinoma

Conforme explica o oncologista e oncogeneticista Dr. André Márcio Murad, diretor Executivo da Clínica Personal Oncologia, existem quatros subtipos principais de câncer de pulmão: o adenocarcinoma que é mais comum, o de células escamosas, o de pequenas células e, menos frequentemente, o de células grandes.

“O dela, um adenocarcinoma, é o mais comum e um pouco mais agressivo que o escamoso, com prognóstico um pouco pior porque, normalmente, tem mais tendência a dar metáteses. Então, a chance de detectá-lo em uma fase precoce e curá-lo com cirurgia e, eventualmente, adicionando a quimioterapia e radioterapia é menor do que no carcinoma escamoso, por exemplo”, detalha o médico.

Não há informação sobre em qual fase o tumor foi descoberto, mas, na maior parte das vezes, quando o tumor é identificado em fase mais precoce, é indicada a cirurgia. Mas, se for detectado em fase mais avançada, indica-se normalmente outros tratamentos, como as drogas alvo-moleculares, a quimioterapia e a combinação de quimioterapia e imunoterapia. A apresentadora está sendo tratada com uma combinação de quimioterapia e imunoterapia.

Normalmente, quando a doença já está em fase avançada, “a primeira providência é fazer um teste genético para ver se o tumor tem algum alvo, mutação ou fusão de gene, que indique um tratamento com drogas alvo-moleculares. As terapias alvo têm como diferencial atuar diretamente nas células cancerígenas. Administra-se, normalmente, com comprimidos, sendo que o resultado é bom e o controle também, até mesmo em longo prazo”, avalia o oncogeneticista.

Somente em cerca de 30% dos casos é possível detectar algum alvo – como as mutações nos genes EGFR, BRAF ou as fusões dos genes ALK e ROS1, que permitem a administração das drogas alvo-moleculares. “Então, na maior parte das vezes, a quimioterapia em associação com a imunoterapia ou a imunoterapia isolada são indicadas quando não se acha nenhum alvo”, pontua Murad.

Também é indicado, para casos assim, um exame de imuno-istoquímica para avaliar um marcador de sensibilidade a imunoterapia, na parafina, no tecido tumoral, chamado PDL1. “No caso da apresentadora, caso ela tenha feito esse exame, possivelmente, deu negativo ou em baixa quantidade, o que explicaria terem optado em combinar a quimioterapia com a imunoterapia, que também é um tratamento eficiente, com uma taxa de respostas em 50 a 60%”. Quanto os níveis de PDL1 são elevados, em geral se opta pelo uso da imunoterapia isoladamente.

Conforme detalha o médico, alguns pacientes têm controle muito bom: “o tumor quase que regride completamente e, em alguns casos, eu diria que entre 10 e 15%, há um desaparecimento do tumor”.

A quimioterapia é feita por seis meses, em média, e a imunoterapia por até dois anos. Se a doença estiver absolutamente controlada, é possível até mesmo suspender a imunoterapia.

“Trata-se de uma forma de ensinar as células de defesa do corpo, os linfócitos T a identificarem, atacarem e matarem as células cancerígenas. Esse linfócitos têm memória, aprendem esse processo de matar células cancerígenas e não esquecem mais. É igual andar de bicicleta.”

Além disso, enfatiza Murad, os linfócitos T têm vida útil longa, de até 50 anos. Uma vez que se eles aprendem a matar a célula cancerígena, é possível, eventualmente, suspender o tratamento, que essas células de defesa continuarão a desempar a mesma função.

“Tenho pacientes que já estão há 3 ou 4 anos com tratamento suspenso e continuam bem. Não podemos falar em cura, pois a imunoterapia é muito recente e a gente precisa de uma acompanhamento de até 15 anos para falar em cura. Mas, a podemos falar em controle em longo prazo. No caso da Ana Maria, é algo que pode acontecer: ela se beneficiar desse acompanhamento em longo prazo, e, quem sabe, até mesmo suspender o tratamento.”, finaliza o especialista.

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