Síndrome de Lynch: predisposição hereditária pode resultar no desenvolvimento de câncer de intestino e de outros tumores

Com hábitos de vida saudáveis garantimos que o corpo poderá combater novas ameaças com toda capacidade Diagnóstico da Síndrome de Lynch é confirmado com testes genéticos que realizam o sequenciamento germinativo de todos os genes associados à condição

Adoecimento de vários membros familiares por câncer, antes dos 50 anos, é o principal critério que leva médicos a suspeitarem da síndrome

Você conhece alguém que perdeu vários familiares devido ao câncer colorretal (cólon e reto ou de intestino como normalmente é conhecido)? Essa triste realidade acontece em algumas famílias e vários membros jovens, a partir dos 35 anos, adoecem desse câncer ou até de tipos diferentes como ovário, endométrio, pâncreas, estômago etc. Normalmente, esses casos estão relacionados à chamada Síndrome de Lynch, que é um dos tipos de Síndrome de Predisposição Hereditária ao Câncer.

A predisposição familial ao câncer ocorre quando mutações em genes específicos são passadas de geração em geração. No caso da síndrome de Lynch, tratam- se de mutações nos genes responsáveis pelo reparo das incompatibilidades ou desalinhamentos entre as fitas do DNA. Esse sistema de reparo atua no reconhecimento e reparação de alterações das bases dos nucleotídeos (conjunto formado por três moléculas que compõem as fitas de DNA – lembre-se das aulas de biologia), quando há defeitos na fita de DNA.

Os principais genes com essa função são o MLH, MSH2, MSH6 e o PMS2. Quando há mutação em um desses genes – na síndrome de Lynch a pessoa já nasce com uma dessas alterações – ocorre a perda dessa capacidade de reparação resultando no desenvolvimento dos tumores.

Pesquisas indicam que o risco cumulativo de desenvolvimento de câncer em portadores de Síndrome de Lynch é de até 78% para câncer colorretal, 40 a 60% para câncer de endométrio; 19% para câncer gástrico; 17,5% do trato biliar; 10% do trato urinário. Por isso, identificar a Síndrome, por meio de exames genéticos, é fundamental para rastreamento precoce dos membros familiares.

Diagnóstico

Normalmente, os médicos oncologistas avaliam a possibilidade de Síndrome de Lynch quando o paciente atende a alguns critérios, principalmente, em antecedentes familiares de câncer, de acordo com os critérios de Amsterdã e de Bethesda.

Critérios de Amsterdã para o diagnóstico clínico da Síndrome de Lynch

. Pelo menos três membros de uma mesma família com câncer colorretal, ou adenocarcinoma de endométrio, ou carcinoma de células transicionais de vias excretoras renais, (pelve renal ou ureter), ou adenocarcinoma de intestino delgado;
· Um dos membros ser parente em 1º grau dos outros dois;
· Pelo menos duas gerações acometidas;
· Pelo menos um dos membros com câncer colorretal e idade menor que 50 anos;
· Exclusão de polipose adenomatosa familiar (PAF).

Já em relação ao rastreamento para diagnóstico precoce, a IA pode analisar com precisão imagens tanto de órgãos (como pele, por exemplo), quanto de exames radiológicos, anatomopatológicos ou moleculares, identificando indícios de câncer em fase precoce. É possível indicar, assim, uma terapêutica menos agressiva, mais direcionada e efetiva.

Critérios de Bethesda para rastreamento da Síndrome de Lynch

. Câncer colorretal diagnosticado em paciente com menos de 50 anos; · Presença de Câncer colorretal sincrônico ou metacrônico, ou outro tumor extracolônico, associado à síndrome, independentemente da idade; · Câncer colorretal com histologia sugerindo MSI*, diagnosticado em paciente com menos de 60 anos; · Câncer colorretal diagnosticado em um ou mais parentes em 1º grau, com tumor relacionado à síndrome, com um dos tumores tendo sido diagnosticado antes dos 50 anos; · Câncer colorretal diagnosticado em um ou mais parentes de 1º ou 2º graus, com tumores relacionados à síndrome, independentemente da idade.br>
Confirmação do diagnóstico e rastreamento personalizado

O diagnóstico é confirmado com testes genéticos que realizam o sequenciamento germinativo de todos os genes associados à Síndrome. Após a confirmação, o paciente passa a ser submetido a um rastreamento bem mais precoce. Para as pessoas que não têm síndromes hereditárias, por exemplo, o rastreamento com a colonoscopia será a partir dos 50 anos. Já no caso da Síndrome de Lynch, o rastreamento começa antes, por volta dos 25 anos, uma vez que, normalmente, o câncer acontece a partir dos 30 a 40 anos, um pouco antes, um pouco depois.

Por segurança, o inicio do rastreamento é feito com base na pessoa que teve câncer mais jovem, reduzindo-se o início em 5 anos. Por exemplo, se mãe de um paciente teve câncer de intestino aos 30 anos, esse paciente deveria iniciar a colonoscopia anual desde os 25 anos.

Geralmente, o câncer colorretal nasce na área mais à direita do intestino, no ceco e cólon ascendente. Pode ou não nascer de um pólipo. Eventualmente, não. Além do câncer de intestino, portadores dessa síndrome podem ter câncer no estômago ou na parte final do esôfago e, por isso, devem ser submetidos anualmente à endoscopia digestiva alta. As mulheres podem ter câncer de endométrio, então, devem ser rastreadas com ultrassonografia. Quando elas já tiveram todos os filhos que desejavam, muitas vezes recomenda-se a remoção dos ovários e útero.

Mas, até que isso aconteça, os médicos podem indicar a ultrassonografia transvaginal anual e, eventualmente, uma ressonância abdominal anual para rastrear pâncreas, bexiga etc. Muitas vezes, discute-se com os pacientes portadores de Síndrome de Lynch o uso preventivo da aspirina, pois existem vários estudos mostrando que aspirina previne câncer no caso dessa síndrome.

O rastreamento precoce ou detecta a doença numa fase pré-maligna ou numa fase inicial em que a cirurgia pode resolver. Então, o diagnóstico das síndromes genéticas é uma ferramenta utilizada a favor do paciente, pois ou o câncer será evitado ou será detectado em fase precoce, aumentando as chances de cura.

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