AGOSTO - MÊS DE CONSCIENTIZAÇÃO CONTRA O CÂNCER DE PULMÃO
Tabagismo é associado a cerca de 85% dos casos da doença; a chamada biópsia líquida, com análise de DNA e RNA tumoral, é a grande aliada no diagnóstico e tratamento
À exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de pulmão é o segundo mais incidente em homens e o quarto mais
incidente em mulheres. Trata-se do câncer que mais mata no país e no mundo. Conforme demonstram dados divulgados pelo
Ministério da Saúde e Inca*, no Brasil, são esperados 18.740 novos casos de câncer de pulmão, entre homens, e 12.530,
entre mulheres, para cada ano do biênio 2018-2019.
Aproximadamente 85% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo, sendo que a doença mata dois milhões
de pessoas ao ano no mundo. Por isso, as ações governamentais para redução do tabagismo são de fundamental importância
como fator preventivo.
De acordo com o oncologista André Murad, pesquisador da Faculdade de Medicina da UFMG e da Clínica Personal Oncologia de
Precisão, o tumor é um dos mais agressivos, com altas taxas de mortalidade. “Em geral, esse tipo de câncer é detectado
em estágios mais avançados, devido à falta de sintomas que se destaquem nas fases iniciais. Isso dificulta o sucesso dos
tratamentos”, explica.
Avanços em pesquisas e tratamentos
Por outro lado, os avanços científicos permitiram, nos últimos, a utilização crescente do diagnóstico com base
molecular, “evidenciando as diferentes famílias de genes e o evento mutagênico envolvido. Isso possibilita a
caracterização molecular de cada tipo histológico e suas alterações genômicas específicas”.
Na prática, isso significa o uso de exames genéticos para diagnosticar e classificar molecularmente os tumores, o que é
de fundamental importância para ajudar a entender seu comportamento biológico e, principalmente, definir terapias
alvo-moleculares, que usualmente são mais eficientes e menos agressivas ao paciente do que a quimioterapia, oferecendo,
assim, maiores chances de um controle mais prolongado da doença com manutenção da qualidade de vida.
A chamadabiópsia líquida se destaca por ser feita apenas com exame de sangue, sem necessidade de procedimentos
invasivos, como no caso da biópsia tradicional, que exige cirurgia para retirada de tecido.
“Células tumorais circulantes ou traços do RNA ou do DNA do câncer no sangue podem fornecer informações valiosas sobre
quais tratamentos são mais prováveis e efetivos para o paciente.”
Os resultados do tratamento do câncer de pulmão são proeminentes e as descobertas vêm avançando a cada ano. “Essas
ferramentas são essenciais para a prática da denominada oncologia de precisão ou personalizada, tanto na seleção
terapêutica de alvos para a terapia (mutações dos genes EGFR, ALK, ROS1 e BRAF para indicação de terapias direcionadas a
estes alvos em câncer de pulmão de células não pequenas avançado), quanto no monitoramento de recidivas e progressão
tumoral, como na detecção da mutação de resistência secundária aos inibidores de EGFR T790M”.
Outro grande avanço no tratamento do câncer de pulmão é a imunoterapia de última geração, que se baseia nos agentes
denominados "inibidores de proteínas dos pontos de checagem imunológica" e utilizam o próprio sistema imunológico do
paciente para combater as células tumorais. “Isso aumenta a ativação e a proliferação das células T (linfócitos de
defesa que destroem as células tumorais), resultando assim em uma resposta antitumoral mais efetiva”.
“Na verdade, essa nova classe de imunoterapia desliga um complexo sistema de mascaramento imunológico que as células
tumorais utilizam para não serem reconhecidas como invasoras pelo organismo, permitindo, então, que o sistema imune
destrua estas células. Os imunoterápicos podem ser utilizados isoladamente ou em combinação com quimioterápicos,
resultando em regressão tumoral em uma porcentagem elevada de pacientes, por vezes, de prolongada duração”, finaliza o
oncologista.
Curiosidade
As perdas são mais que humanas. O prejuízo anual brasileiro é de R$ 56,9 bilhões com o tabagismo. Desse total, R$ 39,4
bilhões são gastos com despesas médicas e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos ligados à perda de produtividade, causada
por incapacitação de trabalhadores ou morte prematura.
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