5% DOS NOVOS CASOS ANUAIS DE CÂNCER NO MUNDO ESTÃO RELACIONADOS AO CONSUMO FREQUENTE DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

Consumo diário de uma taça e meia de vinho (177ml), uma lata e meia de cerveja (500ml) ou menos de um copo de uísque (35ml) durante 10 anos aumenta o risco de câncer em 5% Consumo diário de uma taça e meia de vinho (177ml), uma lata e meia de cerveja (500ml) ou menos de um copo de uísque (35ml) durante 10 anos aumenta o risco de câncer em 5%

Até 5% dos novos casos anuais de câncer no mundo estão relacionados ao consumo frequente de bebidas alcoólicas, conforme mostram dados da Sociedade Americana de Oncologia Clínica. Um estudo publicado na revista Cancer é ainda mais alarmante: o consumo diário de uma taça e meia de vinho (177ml), uma lata e meia de cerveja (500ml) ou menos de um copo de uísque (35ml) durante 10 anos aumenta o risco de câncer em 5%. Após 40 anos, o risco de desenvolver a doença aumenta em 54%.

Para o oncologista e oncogeneticista Dr. André Márcio Murad, trata-se de um dado alarmante, que infelizmente não está sendo levado à sério pela população: “As pessoas estão bebendo mais e bebendo bebidas mais pesadas. Vemos que esse hábito está sendo adotado inclusive pela população feminina. É assustador, pois isso o etilismo – juntamente com outros hábitos nocivos como o tabagismo, sedentarismo e obesidade – está diretamente relacionado ao aumento da incidência e mortalidade por diferentes tipos de cânceres como boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon e reto) e mama.”, alerta o médico.

Existem várias hipóteses explicativas. Uma delas é a alteração no microbioma, na flora intestinal. Uma flora normal, com bactérias consideradas saudáveis para o intestino, tem uma série de ações positivas de regulação do sistema imunológico e de controle dos processos inflamatórios. Esse funcionamento adequado está ligado a autovigilância do sistema imunológico e anticâncer natural do organismo.

Os estudos demonstram que o etanol possui efeito cancerígeno sobre as células. No intestino, pode atuar como solvente e facilitar a entrada de outras substâncias carcinogênicas nas células. Além disso, o álcool pode ser ainda mais perigoso para pessoas com predisposição genética ao câncer. Aproximadamente 15% dos casos no mundo estão relacionados a mutações herdadas geneticamente.

Cresce o consumo no país

No Brasil, o consumo de bebidas alcoólicas aumenta a cada década. Os dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, apontam que 17,9% da população adulta no Brasil fazem uso abusivo desse tipo de bebida. O percentual é 14,7% a mais do que o registrado no país em 2006. Mesmo com o percentual menor, as mulheres (11%) apresentaram maior crescimento em relação aos homens (26%), no período de 2006 a 2018. Em 2006, o percentual entre as mulheres era de 7,7% e entre os homens, 24,8%.

Para reduzir os impactos de saúde, segurança e socioeconômicos do grande consumo alcoólico, a Organização Mundial da Saúde elaborou uma lista de recomendações a serem seguidas pelos países em relação a formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas:

. Regular a comercialização de bebidas alcoólicas;
. Regular e restringir a disponibilidade de álcool;
. Promulgar políticas adequadas de condução sob os efeitos do álcool;
. Reduzir a demanda por meio de mecanismos de tributação e preços;
. Sensibilização para os problemas de saúde pública causados pelo uso nocivo do álcool e garantia do apoio a políticas eficazes;
. Fornecer tratamento acessível para pessoas com transtornos relacionados ao uso de álcool;
. Implementar em serviços de saúde programas de identificação e intervenção breve para consumo perigoso e nocivo de álcool.

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